A inovação aberta é um conceito que vem ganhando cada vez mais destaque no mundo corporativo, acadêmico e nas políticas públicas. Introduzido por Henry Chesbrough no início dos anos 2000 [1], a inovação aberta se baseia na ideia de que as empresas podem e devem utilizar tanto ideias internas quanto externas para avançar em suas tecnologias e processos. No outro sentido dessa via, as organizações deveriam acessar diferentes caminhos para disponibilizar o resultado ao público através de licenciamento, joint ventures, spin-offs etc. Sendo assim, a inovação passa a fazer parte de um fluxo que tanto pode ser do ambiente interno ao externo e vice-versa, num processo colaborativo.
Tradicionalmente, as empresas dependiam de suas próprias capacidades internas de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) para inovar, um modelo conhecido como inovação fechada. No entanto, a inovação aberta rompe com essa barreira ao incentivar a colaboração com outras empresas, universidades, startups, fornecedores e até mesmo com os consumidores. Esse modelo reconhece que nem todas as boas ideias surgem de dentro da organização e que há valor em compartilhar riscos, custos e recompensas.
Existem várias práticas que as empresas podem adotar para implementar a inovação aberta, tais como:
Parcerias e alianças estratégicas: consiste em formar parcerias com outras empresas ou instituições para facilitar o acesso a novos conhecimentos e tecnologias.
Crowdsourcing: envolve utilizar plataformas online para reunir ideias e soluções de um grande número de pessoas, muitas vezes desconhecidas, pode gerar insights valiosos.
Programas de aceleração e incubação: através do apoio à startups e pequenas empresas inovadoras através de programas de aceleração e incubação pode trazer novas tecnologias e modelos de negócio para dentro da empresa.
Licenciamento de tecnologias: licenciando tecnologias de outras empresas ou permitindo que outras empresas licenciem suas tecnologias pode corresponder a uma forma eficaz de comercializar inovações.
Benefícios da Inovação Aberta
Alguns dos benefícios que as organizações podem obter com o uso da inovação aberta são:
- Aceleração do processo de inovação: ao combinar conhecimentos e recursos de diversas fontes, as empresas podem acelerar o desenvolvimento de novos produtos e serviços.
- Redução de custos: a colaboração com parceiros externos pode reduzir os custos de PD&I, já que os investimentos são compartilhados.
- Diversificação de ideias: a inovação aberta permite acesso a uma gama mais ampla de ideias e perspectivas, aumentando as chances de encontrar soluções inovadoras e eficazes.
- Acesso a novos mercados: colaborações podem abrir portas para novos mercados e segmentos que antes eram inacessíveis.
- Mitigação de riscos: compartilhar os riscos com parceiros externos pode diminuir o impacto financeiro de falhas e aumentar a resiliência da empresa.
Desafios da Inovação Aberta
Apesar dos inúmeros benefícios, a inovação aberta também apresenta alguns desafios, como: gerenciamento de propriedade intelectual, pois compartilhar ideias e tecnologias pode levar a disputas sobre propriedade intelectual. É essencial estabelecer acordos claros desde o início; resistência devido a cultura organizacional ser histórica e fortemente centrada em inovação fechada, oferecendo assim resistência à ideia de buscar ajuda externa. Finalmente, podem surgir desafios associados a coordenação e comunicação, pois a colaboração entre múltiplos parceiros requer uma coordenação eficaz e uma comunicação clara para evitar mal-entendidos e conflitos.
Um exemplo brasileiro de promoção dos conceitos de Inovação Aberta
O movimento 100 Open Startups [2] é uma rede que conecta comunidades e competições de startups com desafios e programas de inovação aberta propostos por grandes empresas e grupos de investidores através da criação de um contexto comum e processos de prospecção, combinação e cocriação em rede.
A 100 Open Startups apoia corporações e startups na prática de inovação aberta. Criou o movimento de Open Innovation no Brasil em 2008 e, atualmente, é a plataforma líder na América Latina, com a missão de transformar o mercado e a sociedade a partir da inovação pela colaboração entre corporações e startups através de iniciativas como a Open Innovation Week – Oiweek, comunidade que reúne mais de 200 mil profissionais e, publica o Ranking 100 Open Startups, que monitora a evolução da prática da inovação aberta e premia as corporações e startups líderes em open innovation.
Atualmente, é formada por mais de 32 mil startups e 7 mil corporações participantes da plataforma. A plataforma digital já facilitou mais de 1 milhão de interações que resultaram no registro de mais de 100 mil acordos de open innovation e R$ 6,4 bilhões em contratos entre startups e corporações. Algumas empresas/entidades que participam do movimento são: 3M, Abbot, AES, Algar Telecom, Anima, AOC, Atlas Schindler, Banco Original, Bayer CropScience, Cemig, Ci&T, Dow, EDP, Embraer, Estácio, Evonik, FMC, Furukawa, Grupo Fleury, IBM, Intel, Johnson & Johnson, Kimberly-Clark, Kroton, Mahle, Mediphacos, Natura, Novozymes, Ourofino Saúde Animal, Sabesp, Sanofi, Shell, Syngenta, Taesa, Telefônica|Vivo, Universidade Metodista, Whirlpool, Senai e Staoil.
Conclusão
A inovação aberta representa uma mudança de paradigma na maneira como as empresas abordam a inovação. Ao abrir suas portas para ideias externas e colaborar com uma variedade de parceiros, as empresas podem se tornar mais ágeis, eficientes e capazes de enfrentar os desafios do mercado moderno. Embora existam desafios a serem superados, os benefícios potenciais fazem da inovação aberta uma estratégia cada vez mais essencial para a sobrevivência e o sucesso das organizações no século 21.
Um dos objetivos previstos na Lei do Bem (Lei 11.196/2005) é promover as iniciativas de inovação aberta no Brasil. Para isso, são previstos benefícios adicionais para empresas que desenvolvem projetos usando esse conceito. Caso queira saber mais sobre o assunto e como iniciar o caminho da inovação aberta, a CODES Consultoria pode apoiar fazendo, por exemplo, a ligação entre empresas e instituições de pesquisa, os chamados ICTs (Institutos de Ciência e Tecnologia). Entre em contato conosco!
Referências
- CHESBROUGH, H. (2003). Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology, Harvard Business School Press, Boston, MA.
- https://www.openstartups.net/